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domingo, 24 de fevereiro de 2013

Explicações de Dom Luís sobre a demissão do Papa.


Diante da situação vivida pela Santa Igreja nos últimos dias, e atendendo a pedidos de orientação acerca do assunto, Dom Luís Ferrando, bispo da Diocese de Bragança, escreveu algumas orientações a todos os diocesanos afim de não ficarmos apenas a mercê das especulações publicadas na mídia. Segue…
Estamos às vésperas de um acontecimento histórico: a celebração de um Conclave sendo ainda vivo o Pontífice anterior, neste caso o Santo Padre Bento XVI.
Trata-se de algo inusitado; por isso muitos estão desorientados diante desse fato. Talvez uma palavra seja útil para ajudar a compreender o que está acontecendo, depois da renúncia do Papa ao seu cargo pontifício anunciada no dia de 11 de Fevereiro 2013, e que se concretizará às 20 horas de Roma no dia de 28 de Fevereiro de 2013.
O Papa pode demitir-se?
Antes que mais nada é bom saber que o Papa tem o poder de resignar suas demissões. O Código de Direito Canônico prevê esta possibilidade. Na história bimilenar da Igreja Católica isto aconteceu somente poucas vezes: por isso o anúncio das demissões voluntárias do Papa pegou muitos de surpresa e suscitou inúmeras reações nos meios de comunicação.
Por que o Papa se demitiu?
Os motivos anunciados pelo próprio Papa são a falta de forças para atender aos gravíssimos empenhos que os tempos atuais exigem do Papa; a idade avançada (86 anos); o desejo de deixar que outro Papa mais jovem possa enfrentar com maior proveito por parte da Igreja os assuntos importantes de ordem eclesiástica e mundial. Outros motivos alardeados pelos meios de comunicação não passam de hipóteses que às vezes são destituídas de qualquer fundamento.
A quem o Papa anuncia suas demissões?
Acima do Papa não tem outra autoridade se não a de Deus. Bento XVI deve ter-se perguntado profundamente se era ou não oportuno demitir-se do cargo de Papa! Deve ter interpelado muitas vezes a voz de Deus no segredo de sua consciência para tomar uma decisão como esta! Deve ter pesado muito bem as motivações que o convenceram a afastar-se do ministério petrino! Não cabe a nós julgar ou condenar.
O que vai acontecer agora?
Depois do dia 28 de Fevereiro, às 20 horas, não teremos mais um papa: Bento XVI deixará de ser o sucessor de São Pedro e a sede do sucessor de Pedro ficará vacante, à espera de um novo sucessor. Este sucessor será eleito pelos cardeais que já estão chegando a Roma (Itália). A partir dos primeiros dias de Março 2013 eles começarão a se reunir para levantar as problemáticas mais urgentes da Igreja e do mundo. Ao mesmo tempo começarão a analisar nomes para possíveis sucessores de Bento XVI. Em tudo isso o que guia os cardeais é o bem da Igreja. Sendo eles humanos podem defender seus pontos de vista com certo “fervor”, procurar adeptos para o candidato escolhido, etc. Não se trata de uma eleição política, mas não deixa também de ser uma eleição que envolve problemas concretos da vida, diversas e possíveis soluções, pontos de vista diferentes e, claro, candidatos diferentes.
O que é o Conclave?

O termo “Conclave” significa “com chave” e indica o fechamento da porta da Capela Sistina depois que os cardeais eleitores têm entrado nela. Dentro desta capela fechada “com chave” para que nenhum estranho entre a perturbar o trabalho dos cardeais, vão acontecer as votações: cada cardeal recebe uma cédula para votar, e nela escreve o nome do seu candidato. Em seguida faz-se a conta dos votos e se um candidato não tem recebido a maioria absoluta dos votos, a votação não será válida e as cédulas serão queimadas com substâncias que produzem uma fumaça negra, sinal clássico para dizer que ainda não foi eleito o Papa. Proceder-se-á assim a novas votações até um cardeal receber a maioria absoluta dos votos dos presentes. A esta altura o eleito é interrogado se aceita ou não a função de Papa. Se a resposta for negativa procede-se a novas votações. Se a resposta for positivo o eleito se torna Papa desde aquele momento e tem imediatamente todos os poderes de Papa.
Teremos dois Papas?
Não. Bento XVI volta a ser aquele cardeal que era antes de ser eleito Papa, se retirará num lugar a parte e o novo eleito será o nosso novo e único Papa.
Como viverá Bento XVI?
Alguns dizem que se retirará num convento de clausura; outros dizem que viverá em Castel Gandolfo, que é casa de verão dos Papas. De fato, ainda não é claro onde Bento XVI se retirará. Não será evidentemente esquecido pelo novo Papa, que não lhe deixará faltar nada.
Como devemos tratar Bento XVI?
Com muita gratidão: rezando por ele, louvando e agradecendo a Deus pelo que Bento XVI, realizou para a Igreja. Mas ao mesmo tempo rezemos para que o Espírito Santo ilumine os cardeais para que saibam conduzir-se conforme a vontade de Deus, e não por interesse pessoais.
Dom Luís Ferrando
Bispo da Diocese de Bragança Pará

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